quinta-feira, 3 de outubro de 2013

O que é o mercado gospel para mim?



Uma pessoa amiga pediu minha opinião sobre o mercado gospel - termo costumeiramente usado pejorativamente. O que opinei se consiste nas linhas abaixo: 

Primeiro, o óbvio e ululante: vivemos em um país capitalista. Nada se faz sem que haja dinheiro envolvido. Saia de casa e terá que desembolsar algum valor em dinheiro para o combustível do carro, a vaga de estacionamento dele, a comida do restaurante, a opção de lazer. Até para louvar ao Senhor é preciso colocar a mão no bolso: é necessário colaborar com a manutenção do templo e projetos evangelísticos e missionários, não se adquire Bíblia gratuitamente – mesmo que não tenha custado nada o exemplar que você usa, algum coração bondoso pagou por ele. 

O que vem a ser o mercado gospel? 

Para a pessoa desigrejada, aquelas que são avessas às instituições eclesiásticas, todas as denominações evangélicas fazem parte do “condenável mundo gospel". Elas desconsideram o pastor e seu salário cuja origem são os dízimos e ofertas; deploram os cultos semanais em templos, dizendo que é ambiente de manipulação. Além disso, colocam “no mesmo saco” quem cante e grave CDs e DVDs com temáticas bíblicas. 

Ao frequentador de igrejas reformadas, o mercado gospel é composto por crentes pentecostais e neopentecostais. Dizem que é baboseira o falar em línguas e chama de circo os cultos fervorosos. Detestam como são realizadas a solicitação de ofertas durante o culto e qualquer solicitação de dinheiro publicamente, como nos casos de ajuda de custo para projetos de programas de televisão e rádio. 

O posicionamento de crentes pentecostais é parecido com o de crentes reformados, é claro que tirando o foco de si mesmos e lançando-o sobre os neopentecostais. Eles não consideram os “neos” cristãos completos. Há quem até se aventure a lançar deboches de seus métodos de culto referente ofertas e dízimos, escarnecem daquelas pessoas que lançam CDs e DVDs. 

Para os “neos”, o que é mercado gospel? Já ouvi alguns deles dizer que gospel é uma palavrinha inglesa, cuja equivalente em português é “evangelho”. Acho curioso como eles são tão criticados e criticam pouco seus críticos. 

Bem, para mim o mercado gospel é um conjunto de coisas e pessoas - independente de pertencer às alas reformada, pentecostal ou neopentecostal. Aquele pregador e cantor que cobra para pregar, aquela cantora que também só se apresenta se pagarem o valor cobrado. A indústria de Bíblias de Estudos (já reparou como as prateleiras de lojas estão saturadas delas, e as editoras não param de lançar novidades? O cânon bíblico não basta mais?). Os CDs e DVDs de pregações e canções. 

O mercado gospel não escapa da Lei de Oferta e Procura. Por que será que Bíblias de editoras católicas são tão mais baratas do que as de editoras ditas evangélicas. A qualidade industrial é a mesma, mas o preço é exorbitantemente diferente. 

Minha opinião é que precisamos analisar o que é vendido e comprar apenas aquilo que sirva para a nossa edificação. Tomar cuidado com críticas, porque nem todas elas visam o interesse coletivo, muitas não passam de defesa de causas próprias usando o disfarce de atuação apologética. 

Existem duas forças coordenadas envolvidas no mercado gospel. Não existiriam pregadores e cantores cobrando sem a existência de quem se dispusesse a pagar. Seja no interior de templos ou eventos fora dele, existe o financiador, a pessoa física pagante. Não existiriam projetos para novas Bíblias de Estudo, novos livros, novos CDs e DVDs sem compradores ávidos pelos lançamentos desses produtos. 

Aliás, falando em apologia, alguns anos atrás determinado alguém vendia livros e fazia muitas palestras usando um tema contrário ao movimento Teologia da Prosperidade. O preço do livro e o bilhete de entrada nas palestras dele não estavam ao alcance do pobre assalariado com salário mínimo. Tristes contradições do mercado gospel brasileiro! 

Propositalmente, o conteúdo deste meu comentário não entrou pela questão teológica e doutrinária, não teci uma linha pró ou contra movimentos e costumes. Então, alguém poderá pensar se a pessoa que fez a pergunta para mim queria saber se o mercado gospel é edificante ou nocivo para a fé dela e dos que dele se utilizam. Não fico encima do muro. Respondo da seguinte forma: existe uma charge compartilhada o Facebook muito perspicaz, contém duas figuras, uma diz: "não gostei do culto", a outra responde: "mas o culto não foi realizado para você, foi para Deus". O louvor (cantado ou em outras formas) é bem isso. O Senhor observa cada coração, e recebe a música ou outras tarefas que são dirigida a Ele, e recebe como louvor apenas aqueles que são ministrados com devoção sincera


Eliseu Antonio Gomes

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