sexta-feira, 27 de setembro de 2013

NOSSA CULTURA: Vida e Obra de Mestre Vitalino

MESTRE VITALINO (1909-1963)


O artesão Vitalino Pereira dos Santos – Mestre Vitalino – nasceu em 10/07/1909, no distrito de Ribeira dos Campos, nas cercanias da cidade de Caruaru. Casado com Joana Maria da Conceição, segundo contam, era tímido, cordial e amigo de todos. Como muitos, era analfabeto, pois praticamente não existiam escolas na região.

O pai trabalhava na roça e a mãe, além de o ajudar, era louceira. Fazia panelas, potes, jarros, alguidares, pratos, mealheiros etc. Vitalino, desde criança brincava modelando com as sobras de barro de sua mãe. Voltado para o lúdico, fazia bichos: cavalos, bodes, vacas etc. Como é de conhecimento, naquela época as crianças, principalmente do interior, não tinham acesso a brinquedos produzidos industrialmente, como os de hoje. Para se entreter, tinham que fazer eles próprios os seus objetos...

Aproveitando que o pai e o irmão vendiam na feira peças que sua mãe fazia, com 7 anos Vitalino passou a mandar os bichinhos e outras coisas que modelava. Com o tempo, começou a abordar outros temas e, assim, nasceu o registro do homem do agreste nordestino, através de cenas do cotidiano rural: sua gente, usos e costumes.

Mestre Vitalino, em 1947, continuava a viver da roça e de modelar bonecos. Estimulado pelo artista plástico e colecionador pernambucano Augusto Rodrigues, que admirava seu trabalho, foi morar em Alto do Moura, localidade próxima de Caruaru (8 quilômetros de distância), com sua mulher e filhos.

Em Alto do Moura, Vitalino ficou perto da famosa Feira de Caruaru, que tinha centenas de barracas onde se comercializava de tudo. Sua banca oferecia bonecos feitos de barro e, logo, seus trabalhos ganharam fama.

Com singular destreza, esculpia cenas do cotidiano sertanejo em que vivia – o que diferenciava dos trabalhos de outros artesãos. O sucesso de Mestre Vitalino como “bonequeiro” repercutiu junto aos seus companheiros de Alto do Moura, os quais passaram a esculpir bonecos também. 

Importante salientar que tais seguidores contaram sempre com ajuda de Vitalino, pois não tinha medo da concorrência e via de bom grado a participação dos amigos, nunca se negando a transmitir seus conhecimentos e suas técnicas.

A amistosa relação mestre/discípulos criou um clima onde todos se ajudavam. Assimilavam entre si técnicas e temas. Muitas criações eram copiadas de um e produzidas por outro. Não havia o dono da cena, o detentor do direito daquela imagem.

Eis um exemplo: a modelagem da figura “Noiva na garupa do cavalo do noivo” (foto abaixo do lado direito da tela) foi criada por Vitalino, no entanto, Manuel Eudócio, Luiz Antonio e outros copiavam sem haver ressentimentos. Consideravam o plágio uma lisonja!

Dizem que o primeiro grande sucesso de Vitalino, dos 130 tipos que criou, foi a cena: “Gatos maracajás trepados numa árvore, acuados por um cachorro, e embaixo o caçador fazendo pontaria com a espingarda” (foto do lado esquerdo; a qual é uma réplica da peça original).



Vitalino faleceu em 20/01/1963, acometido de varíola. Teve 18 filhos e, destes, somente 5 viveram até a idade adulta. Amaro Vitalino (1934), Manuel Vitalino (1935), Maria Pereira dos Santos (1938), Severino Vitalino (1940) que assinou durante muito tempo seus trabalhos como Vitalino Filho (nome de fantasia), e Antonio Vitalino (1943).

A família Vitalino está representada, atualmente, por filhos e netos. Através do artesanato “Mãos de Vitalino”, peças produzidas pelos parentes, e alguns de seus seguidores.

Abaixo veremos mais um pouco de sua obra.

“Família de retirantes” – cena típica modelada por inúmeros ceramistas de Caruaru.




Girafas Nordestinas


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